RESUMO DAS NOVELAS

30 de jan. de 2013

Tragédia em boate no RS: o que já se sabe e as perguntas a responder


Bombeiros combatem chamas durante resgate na


Alvarás, lotação e falta de saída de emergência são questões investigadas.
Incêndio em boate deixou mais de 230 mortos em Santa Maria (RS) dia 27/01.

Do G1, em São Paulo

O incêndio que atingiu a Boate Kiss, na madrugada de domingo (27), causando a morte de mais de 230 pessoas, em Santa Maria (RS), tem vários pontos a serem investigados e esclarecidos pela Polícia Civil e pelas autoridades.
(Esta reportagem será atualizada ao longo das investigações do caso, conforme surgirem novas informações e conclusões das equipes de investigação)
De acordo com os relatos de sobreviventes e testemunhas e as informações divulgadas até o momento pelos investigadores, é possível afirmar:
- O vocalista da banda Gurizada Fandangueira segurou um artefato pirotécnico aceso.
- Era comum a utilização de fogos no palco durante apresentações do grupo musical.
- A banda comprou um modelo de sinalizador proibido para ambientes fechados.
- Pelo menos um extintor de incêndio não funcionou ao ser manipulado pelo segurança.
- Havia mais público do que a capacidade de 691 lugares apontada pelos Bombeiros.
- A boate tinha apenas um acesso, para entrada e saída, sem saídas de emergência.
- O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido desde 10 de agosto de 2012.
- Mais de 180 corpos de frequentadores foram retirados dos banheiros da casa noturna.
- Cerca de 90% das vítimas fatais tiveram como causa da morte asfixia mecânica.
- Os equipamentos de gravação de imagens estavam em uma empresa de manutenção.

boate Kiss (Foto: Germano Roratto/Agência RBS)
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Vocalista admite uso de sinalizador, mas acha que não causou incêndioO que já se sabe: O incêndio começou por volta de 2h30 de domingo, durante apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que contou com efeitos pirotécnicos. As chamas no teto se alastraram rapidamente devido ao material inflamável usado como isolamento acústico, o que produziu fumaça preta e tóxica.
As versões: Sobreviventes relataram que o incêndio iniciou depois do vocalista ter segurado um dispositivo pirotécnico no palco. Faíscas geradas pelo artefato atingiram o teto, forrado de espuma e isopor, que fez as chamas se espalharem. Segundo o promotor Joel Oliveira Dutra, o vocalista Marcelo Santos admitiu em depoimento que segurou uma espécie de sinalizador, mas disse não acreditar que as faíscas tenham provocado o incêndio. Integrantes da banda levantaram a hipótese de curto-circuito em fios que estavam no teto da casa noturna.
O que falta ser esclarecido: A perícia poderá apontar onde o fogo começou e o que causou o incêndio. Peritos acharam no chão da boate pedaços do sinalizador, que serão analisados.

Vídeo publicado em canal do YouTube mostra uso
de pirotecnia no palco (Foto: Reprodução/YouTube)
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Banda utilizava efeitos pirotécnicos, diz estudante que estava em boateO que já se sabe: O uso de artefatos pirotécnicos como efeito visual era comum em shows do grupo Gurizada Fandangueira. Segundo o delegado Marcelo Arigony, a banda utilizou um produto mais barato, próprio para ambientes abertos, que não deveria ser acionado em local fechado.
As versões: Não há lei específica que proíba show pirotécnico em ambientes fechados, de acordo com especialistas consultados pelo G1. No entanto, para que isso seja feio, é preciso liberação do Corpo de Bombeiros, que avalia as condições do local. Para o delegado Marcos Vianna, responsável pelo inquérito, o uso desse dispositivo em um local fechado está entre os fatores que contribuíram para a tragédia. O vocalista do grupo admitiu que segurou uma espécie de sinalizador, mas disse não acreditar que as faíscas tenham provocado o incêndio. Ele relatou que já havia manipulado esse tipo de artefato diversas vezes em outros shows.
O que falta ser esclarecido: As autoridades ainda não sabem se a banda tinha autorização para shows pirotécnicos dentro da boate. A Polícia Civil também aguarda os resultados das perícias que poderão dizer se o sinalizador usado pela banda provocou o incêndio.

Foto divulgada pela polícia mostra interior da boate
destruído (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RS)
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Ao entrar numa casa noturna, saiba como verificar se o local é seguroO que já se sabe: Pelo menos um extintor de incêndio foi manipulado quando o incêndio teve início, mas não funcionou.
As versões: Testemunhas relataram que alguns seguranças tentaram apagar as chamas no teto da boate com extintores e que os equipamentos não funcionaram. Segundo o guitarrista Rodrigo Martins, um segurança e o vocalista da banda tentaram operar o equipamento, que falhou. A boate sustenta que contava com "todos os equipamentos previsíveis e necessários para o sistema de proteção e combate contra o incêndio". O delegado Marcelo Arigony disse que os extintores poderiam ser falsos.
O que falta ser esclarecido: A investigação precisa verificar se os equipamentos estavam regularizados e em condições de funcionamento. Uma perícia deve apontar se os extintores eram ou não falsos. Também é preciso saber se os funcionários souberam manuseá-los de maneira adequada e se receberam treinamento para esse tipo de situação.


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Advogado diz que boate Kiss tinha 'plenas condições' de estar abertaO que já se sabe: O Corpo de Bombeiros informou à polícia que o local tinha 615 metros de área e que, portanto, a lotação deveria ser de 691 pessoas. Para o delegado Marcos Vianna, o excesso de pessoas no local está entre os fatores que contribuíram para que o incêndio na boate deixasse tantas vítimas fatais. Jader Marques, advogado de um dos sócios da boate, disse que foram impressos 850 convites para a festa.
Versões: Segundo a própria casa noturna, a capacidade da boate é para 1.000 clientes. De acordo com investigadores, a estimativa de público na noite da tragédia é de cerca de 1.300 pessoas, mas só o laudo da perícia deverá atestar o dado. O Corpo de Bombeiros estimou inicialmente o número de frequentadores em cerca de 1.500. O advogado Jader Marques disse que com 1.000 pessoas a circulação na boate "é considerada boa".
O que falta ser esclarecido: O número de pessoas que estava dentro da boate na noite ainda é desconhecido. Com essa informação seria possível avaliar se o excesso de gente foi determinante para a tragédia.

O que já se sabe: A boate tinha apenas um acesso, usado tanto para entrada quanto para saída de pessoas, com porta de tamanho reduzido. Não havia saídas de emergência. A porta, quando totalmente aberta, chegava a uma largura de 3 metros. Segundo a polícia, a saída única está entre os fatores que contribuíram para que o incêndio na Kiss deixasse tantas vítimas.
Saídas de emergência são obrigatórias, porém a quantidade e a posição onde devem ser colocadas são determinadas por uma avaliação técnica feita por um engenheiro ou arquiteto.
As versões: A boate afirmou em nota que contava com "todos os equipamentos previsíveis e necessários para o sistema de proteção e combate contra o incêndio, aprovado pelo Corpo de Bombeiros, adequado às necessidades da casa e de seus freqüentadores". Segundo o major Pereira, a casa tinha todas as exigências estabelecidas pela lei. "Se os proprietários efetuaram mudanças no local após a última vistoria, não temos como controlar", ressalvou. Testemunham relataram que a boate não possuía sinalização interna e que o local ficou às escuras logo que o fogo começou, o que dificultou a saída do público e fez com que muitos frequentadores acabassem no banheiro, onde morreram asfixiados.
O que falta ser esclarecido: Ainda não está claro se o estabelecimento atendida a todos os requisitos de segurança exigidos, uma vez que o alvará não tinha sido renovado, nem se a boate estava funcionando regularmente. A polícia investiga se eventuais falhas nas instalações contribuíram para a tragédia.

O que já se sabe: O alvará fornecido pelo Corpo de Bombeiros para o funcionamento do estabelecimento está vencido desde 10 de agosto de 2012.
As versões: A prefeitura de Santa Maria afirma que a sua responsabilidade era apenas sobre o alvará de localização, que é valido com a vistoria do ano corrente. Segundo o prefeito Cezar Schirmer, o que estava vencido era o alvará de prevenção e proteção contra incêndio, que é fornecido pelo Corpo de Bombeiros. O chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gerson Pereira, disse que a corporação "fez tudo o que estava ao alcance". A boate sustenta que a situação estava regular pois já havia pedido a renovação. Em depoimento à polícia, um dos donos da boate informou que os bombeiros fizeram uma série de exigências e recomendações para a renovação do Plano de Prevenção e Controle de Incêndios.
O que falta ser esclarecido: A polícia apura se a boate efetuou mudanças no local após a última vistoria dos bombeiros, se o processo de renovação da alvará estava regular e se a casa noturna poderia estar funcionando.

O que já se sabe: Assim que começou o incêndio, centenas de pessoas ficaram desesperadas e começaram a correr em busca de uma saída para a rua. Houve tumulto e, inicialmente, seguranças da boate tentaram impedir a saída dos clientes. Logo depois, no entanto, perceberam a fumaça e liberaram a passagem.
As versões: Testemunhas relataram que os seguranças bloquearam a porta da boate, o que teria atrapalhado a evacuação, e que os funcionários barraram as pessoas que tentavam sair sem pagar a comanda. Sobreviventes disseram também que a saída da boate foi dificultada por uma grade colocada perto da porta para organizar a fila de entrada, o que fez muita gente cair no chão e acabar pisoteada.
O que falta ser esclarecido: A polícia investiga se os funcionários seguiram o protocolo correto para situações de emergência e se os seguranças receberam orientação prévia da direção da casa para barrar clientes em caso de tumultos. Também é preciso avaliar se a posição da grade era adequada.
O que já se sabe: Não existe uma lei nacional que estabeleça as regras de prevenção e proteção contra incêndios. As leis são estaduais e, por isso, cada governo estabelece uma lei com base em normas locais ou estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou mesmo pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). A concessão de alvarás de funcionamento para estabelecimentos como casas noturnas no país hoje é feita pelos bombeiros e autoridades locais, baseados em normas estaduais.
As versões: No caso da lei vigente no estado do Rio Grande do Sul, dispositivos de extração de fumaça (aberturas no teto) e detector de fumaça não são obrigatórios. "Se o escape fosse obrigatório, a fumaça, no caso de Santa Maria, dissiparia muito mais rápido. As pessoas morreram intoxicadas lá. Já com o detector de fumaça, rapidamente os seguranças perceberiam o incêndio e ajudariam a liberar as pessoas logo no começo do incêndio", afirmou o engenheiro civil Carlos Wengrover Rosa.
O que falta ser esclarecido: A polícia apura se as instalações da boate atendiam às exigências da lei estadual e do Corpo de Bombeiros.


O que já se sabe: Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros da boate.
As versões: O capitão da Brigada Militar Edi Paulo Garcia disse que a maioria das vítimas tentou escapar pelo banheiro do estabelecimento e acabou morrendo. Testemunhas afirmam que muitas pessoas foram para a porta dos banheiros achando que era a saída da boate e acabaram ficando presas ali.
O que falta ser esclarecido: Os investigadores apuram porque as pessoas fizeram dos banheiros uma alternativa de saída e se problemas e a falta de sinalização da boate teriam confundido os clientes.

O que já se sabe: a maioria dos mortos, cerca de 90%, tiveram como causa da morte asfixia mecânica. Segundo o delegado Marcos Vianna, responsável pelo inquérito a espuma usada no revestimento, que pode não ser do tipo mais indicado, influenciou na formação de gás tóxico, contribuindo para as mortes.
As versões: A médica legista Maria Ângela Zuccheto, coordenadora regional de perícia da área de Santa Maria, afirmou que 90% dos mortos tiveram asfixia como causa da morte em razão da rapidez com que o fogo se alastrou e a quantidade de fumaça. Segundo o pneumologista José Eduardo Afonso Junior, do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, a fumaça deveria conter substâncias tóxicas liberadas devido à queima de materiais inflamáveis, como a espuma do isolamento acústico presente no teto do estabelecimento.
O que falta ser esclarecido: ainda não está claro se vítimas morreram após terem sido pisoteadas no tumulto.

O que já se sabe: A agonia de parentes e amigos começou por volta das 3h da madrugada de domingo, mas o momento em que ocorreram as mortes não foi determinado. A combinação da fumaça com o calor das chamas causa danos diretos ao sistema respiratório, podendo provocar o óbito de quem estiver em um ambiente fechado em poucos minutos.
As versões: A perícia acredita que muitas das vítimas possam ter morrido poucos minutos após o início do incêndio. O médico otorrinolaringologista Richard Voegels, do Hospital das Clínicas da Universidade da USP, explica que 5 minutos sem respirar pode provocar parada cardiorrespiratória. "Quando se inala muita fumaça com monóxido de carbono, a substância acessa o alvéolo [onde ocorre a troca gasosa entre o oxigênio, que entra no sangue, e o gás carbônico, que é retirado] e entra em contato com as hemácias do sangue, que transportam oxigênio para os órgãos. Isso impede a oxigenação do corpo e, em questão de minutos a pessoa pode morrer".
O que falta ser esclarecido: a polícia apura se vítimas morreram asfixiadas antes de poderem buscar a saída da boate.

O que já se sabe: não foram localizadas imagens das câmeras da boate. Policiais cumpriram na noite de domingo mandados de busca e apreensão na casa dos sócios, mas não localizaram o material. Uma empresa que presta serviços de manutenção para câmeras de segurança entregou à polícia um gravador que seria usado para registrar imagens e informou que recebeu o equipamento há uma semana para ser consertado.
As versões: Segundo a polícia, não foram localizados na boate os gravadores que armazenam as imagens da boate. "Parecia que os fios tinham sido arrancados. Não sabemos afirmar se foi recente ou não. Peritos ainda irão analisar", disse o delegado Sandro Meinerz. O dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, afirmou em sua defesa que o sistema não estava funcionando havia três meses e que, por isso, o computador não estava mais na boate. A empresa de manutenção disse que o equipamento foi trazido para conserto há uma semana e que o sistema não esteve em funcionamento nesse período
O que falta ser esclarecido: a polícia apura se o equipamento foi de fato retirado da boate antes do incêndio e se provas foram suprimidas ou adulteradas. Uma perícia vai esclarecer se o equipamento entregue pela empresa de manutenção realmente ficou desativado dutante os últimos dias.
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Postado por gardêniaoliveira às 08:05

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