A Polícia Civil da cidade de Apodi, que apura o assassinato do advogado Marcelo Roverlando Jorge de Moura, 38, executado a tiros de pistola na noite do último dia 9, ainda não tem nenhuma pista concreta sobre os assassinos e quais os motivos que teriam impulsionado o crime.
Para complicar ainda mais as investigações, o advogado mantinha pendências com a justiça, onde já havia sido condenado três vezes, em processos que vão desde a caracterização de racismo, tanto quanto injúria e falso testemunho, segundo consta no portal do Poder Judiciário do Estado.
Segundo consta nos autos, em um dos processo que foi condenado a pagar mais de R$ 4 mil, Marcelo Roverlando teria praticado crime de racismo contra um árbitro de futebol, que após aplicar-lhe um cartão amarelo e o vermelho em seguida, foi xingado com palavras racistas e de baixo calão, causando não só a abertura de uma ação judicial, como também a revolta de populares e amigos da vítima. O fato aconteceu em março de 2007, no entanto a sentença condenatória só saiu no dia 27 de agosto de 2012, quando a juíza da Comarca de Apodi, Kátia Cristina Guedes Dias, assinou a condenação do advogado a dois anos de reclusão, que foi convertida em valor financeiro.
Consta também que o advogado Marcelo Roverlando em fevereiro de 2012 foi acusado de injúria, o que lhe rendeu uma condenação de um ano e cinco meses de prisão, estipulado pela juíza Kátia Cristina. A pena foi transformada em duas penas de prestação pecuniárias, no valor de R$ 1.244,00, cada uma.
Além das condenações, Roverlando também estava respondendo um processo que foi extinto com a sua morte. A Comarca de Apodi disse não poder informar sobre quais circunstâncias o advogado estaria sendo acusado.
O delegado Renato Oliveira, titular da Delegacia de Polícia Civil do Apodi, que está apurando o crime, disse que já ouviu várias testemunhas, amigos, familiares e clientes de Roverlando, no entanto pouca coisa avançou nas investigações.
"É um caso misterioso que estamos com ele nas mãos. Pouco se sabe sobre os matadores, que acredito serem profissionais que vieram somente para cometer o crime. Associado a isso, vamos encontrar o silêncio da população, que pouco colabora para elucidação do caso", destacou.
Outra dificuldade enfrentada pelo delegado para apurar o caso é que o advogado tinha inimizades e somente um trabalho minucioso feito pela equipe de investigação vai poder elencar uma lista de possíveis suspeitos.
"Estamos rastreando os passos da vítima, analisando cada detalhe de seu comportamento e relacionamento com as pessoas. Devido a sua profissão, conseguiu angariar muitos desafetos", disse.
Entenda
O advogado Marcelo Roverlando foi assassinado a tiros na noite do último dia 9 de janeiro, quando transitava de moto pela rua Sebastião Paulo, em Apodi. Ele foi vítima de emboscada, por volta das 22h15.
Dois suspeitos fugiram numa motocicleta após efetuarem vários disparos que atingiram a cabeça, ombro e região lombar da vítima. Marcelo Roverlando morreu no local, sem que houvesse tempo de ser socorrido.
"Matadores do advogado Marcelo Roverlando eram profissionais", disse delegado
O delegado Renato Oliveira, que apura o assassinato do advogado Marcelo Roverlando, disse que os matadores são pistoleiros profissionais que tiveram a missão de cometer o crime.
A constatação do delegado se dá devido a uma série de fatores: o local do crime, uma rua com pouca movimentação e luminosidade; roupas e moto escuras, que dificulta a identificação; rota de fuga planejada, para não ser surpreendida pela polícia; além não terem deixado nenhuma pista para trás.
"Acredito que os matadores do advogado sejam profissionais do crime. Eles não deixaram brechas para identificação e sabiam o que estavam fazendo. Era coisa de quem já estava acostumado com o mundo da criminalidade", explicou o delegado.
Atividade paralela pode ter contribuído para problemas que acarretaram na morte de Marcelo Roverlando
Uma das linhas de investigação que a Polícia Civil está levantando em torno da morte do advogado Marcelo Roverlando é a questão de que ele emprestava dinheiro a juros (agiotagem) e realizava cobranças indevidas para empresas e particulares.
Outro fator investigado é o patrimônio do advogado que quadruplicou em menos de cinco anos, proveniente de ações trabalhistas encabeçada por Marcelo. Consta nas investigações que durante esse período o advogado ganhou mais 300 ações, o que lhes rendeu um patrimônio de aproximadamente um milhão de reais.
Uma aposentada, residente no conjunto Bacurau I, em Apodi, disse que quando Marcelo Roverlando foi assassinado, seu cartão da aposentadoria estava com ele, devido uma dívida que ele cobrou e como garantia do pagamento, teria confiscado o cartão.
"Já procurei a polícia e comuniquei o ocorrido, que meu cartão estava em poder do advogado. Na época ele foi lá na minha casa, me ameaçou e tomou o meu cartão", disse a aposentada que teve o nome preservado.
Além da aposentada, outras pessoas também procuraram a polícia para contar que estavam com objetos ou cartões penhorados. A polícia não confirmou as denúncias das pessoas prejudicadas, porém disse que vai apurar tudo.
Do O Mossoroense/Umarizal em Fotos
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